Dia dos avós, hoje dói mais. Devia ser o contrário, não? Faz muito tempo, mas o colo, o gosto da comida, o prazer de dormir na sua cama permanecem. Eu ainda vou pra tua casa, Vó. Hoje eu já durmo no teu quarto, não tem mais aquela renca de primo disputando o seu canto. Teu altar ainda tá lá, e eu ainda rezo nele. A casa, apesar de tão diferente, carrega nossa história, nossas histórias. Foram tantas. Em tão pouco tempo. Amor é isso, né? Essa saudade, essa devoção, esse empenho em preservar as memórias e os costumes. Meus filhos ouvirão falar de você, do vô, saberão o quanto eu amo o legado que vocês deixaram, e os presentes que me deram. Porque você foi tão cedo? Porque você não ficou só mais um pouco? Você não estava no meu batizado, sua afilhada foi minha madrinha, teu filho, meu padrinho. Você não esteve nas travessuras da infância, nos 15 anos, no vestibular. Não estará quando eu finalmente me tornar a advogada da família. Eu não entendo porque fomos privadas de tantas coisas boas, e só Deus sabe o quanto eu queria você aqui, magrinha, com seu sorriso dourado, seu vestido de algodão, teu chinelo, tua branquinha. Só Deus sabe como dói te visitar sem ganhar um abraço, um cheiro, sem jogar uma partida de 21. E só Deus sabe o quanto eu sou grata por você ter cuidado de mim, por ser minha vó, e por ainda, mesmo de tão longe, sempre me lembrar o quanto é importante manter a família unida. Eu me mantenho aqui, me mantenho amando, me mantenho sendo a melhor filha, irmã, tia, sobrinha e prima que consigo ser, porque você merece isso. Eu te amo, pra sempre. Rê.
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