Antes eu sonhava com alguém pra acordar no domingo, pra passear no parque, perder as tardes de sábado em frente a TV. Sonhava com quem fosse segurar minha mão na igreja, e no colo de quem eu ia sentar nos churrascos de família. Sonhava com as fotos, com as declarações, com a vida de quem ama o amor mais que a si. Com o amor de quem morreria pelo outro. Eu encontrei o amor, poucas e certas vezes, mas encontrei. O mal do homem é não saber lidar com essa coisa grande e delicada, esse sim que é não, e esse não que tantas vezes é sim. Encontrei o amor, mas ele não veio com o respeito, com a dedicação, com a coragem, com a luta. Eu encontrei o amor puro, louco febril. O amor que tantas vezes me deixou sem dormir, e que mesmo assim, me fez voltar pros braços dele. Mas o problema é, quando o amor não é tratado com amor, vira dor, vira mágoa, angústia. Meus amores foram embora, machucaram, doeram, foram e levaram consigo cada parte de mim que ainda acreditava na luta pelo amor verdadeiro. Não me orgulho disso, querido blog. Até porquê eu sempre fui uma apaixonada nata, e não deixei de ser, só deixei de acreditar. Cada um deles quando partiu carregou consigo uma qualidade ferida minha. O primeiro levou a coragem, o segundo a fé, o último a insistência. Hoje cá me encontro, numa tarde fria e chuvosa tratando do amor como se fosse matéria exata, como conta de mais e menos. O fato é, querido, que já não troco meu sofá no domingo a tarde por possíveis encontros e cinemas, não troco meus caminhos por alguém, não mudo a rota, não mudo o desejo, não busco mais a surpresa, não planejo mais comemorações, viagens. Eu perdi com todos eles aquilo que ainda me fazia ir em frente no amor, eu perdi a coragem, a fé e a insistência em ter e ser de alguém. É tão mais fácil ser só eu, estar na minha solidão pessoal. Não me preocupo mais se entenderam o que falei, se falei errado, se fui grossa. Não me preocupo mais em estar disponível, em superar o meu tempo pra ter espaço pro outro. Por que esperar alguém pra sair, se tenho pernas? Por que ter alguém pra planejar a vida, se tenho meios? Por que esperar por alguém, se nada é tão bom que só pode ser feito a dois? Minha cama, meus livros e meu cachorro são tão mais atraentes que esperar alguém pra viver. Difícil assumir, difícil enfrentar. Mas desisti de encontrar o amor e correr atrás dele, agora ele que me encontre.
Renata Oliveira
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Manifestos