➸ Mulher Vermelha ♥

Cada vez que escrevo um bom poema é mais uma moleta que me faz seguir em frente.

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Uma carta para minhas meninas,

Meninas, já passamos por tantas coisas juntas, não é? Já foram tantos altos e baixos e vocês sempre estiveram ali, eu sempre estive também. Mas alguma coisa mudou, talvez os ventos, talvez a minha desesperança. A falta de tempo, as casas, as louças na pia esperando as mãos frias. Tanta coisa e nossos caminhos apenas se distanciaram. Doeu, ainda dói bastante. Mas a máxima que sempre me regeu foi a reciprocidade. Eu estava ali do fundo do meu coração porque acredito nas relações verdadeiras, sinceras, nas relações construídas em laços de carinho e cuidado mútuo. Eu realmente acreditava. Até que as respostas ficaram escassas, as visitas acabaram, e aquilo que ele sempre me falava fez sentido. Nada dura pra sempre, e - quase - ninguém merece seu apreço. Era o meu tempo, meu carinho, meu lar. Era toda a minha confiança, ali. E ela simplesmente adormeceu. Já tivemos dias de sol, verões inflamados. Agora vivemos no inverno doloroso do individualismo e das dores internas, da falta de empatia e das cobranças exacerbadas. Eu ainda amo vocês, eu ainda estou aqui. Mas já não posso perder meu tão escasso tempo com aqueles que não perdem tempo com as causas em comum. Quem sabe um dia, depois dos filhos, das paixões e de todo esse desgaste, uma garrafa de vinho não seja aberta novamente. Por muito tempo eu guardei minha dor no bolso e fui, mas ninguém veio - ou quase ninguém.

Renata, 

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Essas palavras que eu escrevo, me protegem da completa loucura.