Nesses dias, mais que nos outros, sinto vontade de acreditar só por mais um momento nas suas palavras. Palavras que sei que na próxima oportunidade se esvairão. Só pra viver, por mais alguns momentos, tudo de bom que fomos um dia. Você me veio como um sonho bom, e me assustei, não sou perfeita. Você foi minha esperança, a única, aquela que morre no final. Viestes do jeito que sempre sonhei, com as qualidades que sempre sonhei, mas trouxestes contigo o pior dos defeitos, aquele que não deixa o amor vingar. Hoje, eu já fui o que tinha que ser, já amei o que tinha de amar. Não há mais sonhos, projetos, nenhuma reação emotiva dentro dos meus projetos. Elas foram enterradas ali, em cada noite fria de desentendimento e gritam, desejando a liberdade. Eu voltaria, sem pestanejar, eu enfrentaria. Mas não pra sofrer de novo, não pra chorar de novo, já chorei demais, ainda choro agora. Guardarei na minha memória cada precioso momento, cada tarde, cada amor, cada bilhete, o formato da sua mão, o cheiro do perfume que eu odiava. Lembrarei do meu espaço no guarda-roupas, da minha escova no armarinho do banheiro, do meu sapato e da minha meia e ainda mais, da dor que foi levá-los pra casa. Eu guardarei os sonhos, as letras de música, as palavras de carinho. Tentarei não lembrar das que me fizeram tão mal e que ainda latejam no meu peito. Mas, acima de tudo, permanecerei aqui, fria e resistente. Porque a saudade nunca traz coisas boas, a saudade é a lembrança desejável do que está no passado e deve permanecer lá, apesar do amor.
Renata Oliveira
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