"Repassei milhares de vezes, poderia eu desculpar, tirar de dentro de mim, do fundo dos meus olhos aquela imagem? Sabia que não. Desejava profundamente que sim.
[...]
Acaricio a porta...recuo...recolho o amor desperdiçado, os estilhaços deixados...memórias delicadas conservam o pó do descaso.Penso em você atrás da porta, no seu sorriso...suas mãos... guardo as poesias desfeitas, as expectativas, o encontro. Guardo o toque suave por baixo da mesa, o sorriso malicioso, as noites de lua, o céu de estrelas que cobriu nosso amor. A mala sempre pronta, o amor profundo agora esquecido. Penso em você e meu coração se enche de emoção. Guardo em mim o grande amor que tive, os sonhos interrompidos pela insônia do abandono. Madrugada antiga. Não foi a mim que você perdeu, foi a você mesmo. Construindo a escada do lado errado, num mar de orgulho e ilusões. Na hora incerta diante da porta é muito tarde para voltar atrás. Falar não serve. Quando há tanto a dizer o muito vira muito pouco. Da porta que nunca abri, parto enfim. Chegou a hora do reencontro. O reencontro em mim."
Andrea Beheregaray
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