➸ Mulher Vermelha ♥

Cada vez que escrevo um bom poema é mais uma moleta que me faz seguir em frente.

segunda-feira, 31 de julho de 2017

Maranatá

Há um ano eu estava no encontro, na equipe da adoração. Ele tinha acabado de ir embora, e eu estava procurando o perdão e a força de vontade de seguir em frente. Foi na vigília para casais que eu encontrei o que precisava, o abraço amigo, o perdão pelos meus erros, a força pra perdoá-lo pelas palavras ruins e pelos atos contraditórios. Então, eu resolvi me mudar. Eu voltei atrás, abri mão do meu orgulho, pedi perdão. Mudei. Ele, alheio a tudo isso, não compreendeu e não optou pelo mesmo caminho. Eu me humilhei, eu esperei, eu me desfiz em pequenos pedaços. E ele então partiu, levando um pedaço de mim. Eu senti a dor que jamais tinha sentido, a dor de ter um membro amputado, um amor afogado, eu sofri a falta dele. Mas então, eu entendi. Ele foi a minha lição,  e eu devo ter sido algo na vida dele, que um dia ele compreenderá. Eu precisava de tudo que ele me ensinou, pra poder ser o meu melhor agora. Esse final de semana, eu estava no encontro de novo, e eu estava com o amor que Deus preparou pra mim. Eu fui oferecer o encontro, meu trabalho, minha vida, com o amor que Deus preparou durante longos 8 anos, nos quais eu encontrei outros amores, mas nenhum capaz de trazer essa paz, e essa força. Este encontro eu estava lá, mas  não mais pedi pra Deus tirar do meu coração a dor de ter fracassado, mas sim, pra me dar a coragem de fazer tudo da melhor forma possível. Eu sofri, eu fiz sofrer, eu arquei com as consequência dos dois. Mas agora, chegou a hora de trazer alegrias pra vida de alguém, e aceitar as alegrias que esse alguém tem me trazido. Deus deixou pra dar todos os sinais esse fim de semana, me mostrar o quanto eu o amo, e o quanto coisas boas estão por vir. Deus me fez esperar 8 anos pra me dar o presente mais lindo que poderia dar, um melhor amigo, parceiro, amante, e amor. E hoje, neste fim de um ciclo terrível, mas absolutamente necessário, eu sou grata. Grata por tudo que passei, pelas dores, pelas frustrações, e acima de tudo, pelo meu amor, que eu tanto esperei.

Rêe,

sábado, 29 de julho de 2017

Ela,

Muita gente deve achá-la antipaticíssima, mas eu achei linda, profunda, estranha, perigosa. É impossível sentir-se à vontade perto dela, não porque sua presença seja desagradável, mas porque a gente pressente que ela está sempre sabendo exatamente o que se passa ao seu redor.

Caio Fernando Abreu

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Maria,

Dia dos avós, hoje dói mais. Devia ser o contrário, não? Faz muito tempo, mas o colo, o gosto da comida, o prazer de dormir na sua cama permanecem. Eu ainda vou pra tua casa, Vó. Hoje eu já durmo no teu quarto, não tem mais aquela renca de primo disputando o seu canto. Teu altar ainda tá lá, e eu ainda rezo nele.  A casa, apesar de tão diferente, carrega nossa história, nossas histórias. Foram tantas. Em tão pouco tempo. Amor é isso, né? Essa saudade, essa devoção, esse empenho em preservar as memórias e os costumes. Meus filhos ouvirão falar de você, do vô, saberão o quanto eu amo o legado que vocês deixaram, e os presentes que me deram. Porque você foi tão cedo? Porque você não ficou só mais um pouco? Você não estava no meu batizado, sua afilhada foi minha madrinha, teu filho, meu padrinho. Você não esteve nas travessuras da infância, nos 15 anos, no vestibular. Não estará quando eu finalmente me tornar a advogada da família. Eu não entendo porque fomos privadas de tantas coisas boas, e só Deus sabe o quanto eu queria você aqui, magrinha, com seu sorriso dourado, seu vestido de algodão, teu chinelo, tua branquinha. Só Deus sabe como dói te visitar sem ganhar um abraço, um cheiro, sem jogar uma partida de 21. E só Deus sabe o quanto eu sou grata por você ter cuidado de mim, por ser minha vó, e por ainda, mesmo de tão longe, sempre me lembrar o quanto é importante manter a família unida. Eu me mantenho aqui, me mantenho amando, me mantenho sendo a melhor filha, irmã, tia, sobrinha e prima que consigo ser, porque você merece isso. Eu te amo, pra sempre. Rê. 

terça-feira, 25 de julho de 2017

Desejava,


Repassei milhares de vezes, poderia eu desculpar, tirar de dentro de mim, do fundo dos meus olhos aquela imagem? Sabia que não. Desejava profundamente que sim.

Andréa Beheregaray

sexta-feira, 21 de julho de 2017

é melhor,

Confesso que me dá uma saudade irracional de você. E tenho vontade de voltar atrás, de ligar, de te dizer mil coisas, e cair em suas mãos, sem me importar com nada, simplesmente entregar-te meu coração. Mas não, renuncio, me controlo e digo para mim mesmo que não é assim, que não pode ser, que você se foi, e não volta.
Caio Fernando Abreu

terça-feira, 11 de julho de 2017

No começo...

Claro que no começo não terás sono ou dormirás demais. Fumarás muito, também, e talvez até mesmo te permitas tomar alguns desses comprimidos para disfarçar a dor. Claro que no começo, pouco depois de acordar, olhando à tua volta a paisagem de todo dia, sentirás atravessada não sabes se na garganta ou no peito ou na mente - e não importa - essa coisa que chamarás com cuidado, de “uma ausência”. E haverá momentos em que esse osso duro se transformará numa espécie de coroa de arame farpado sobre tua cabeça, em garras, ratoeira e tenazes no teu coração. Atravessarás o dia fazendo coisas como tirar a poeira de livros antigos e velhos discos, como se não houvesse nada mais importante a fazer. E caminharás devagar pela casa, molhando as plantas e abrindo janelas para que sopre esse vento que deve levar embora memórias e cansaços. Contarás nos dedos os dias que faltam para que termine o ano, não são muitos, pensarás com alívio. E morbidamente talvez enumeres todas as vezes que a loucura, a morte, a fome, a doença, a violência e o desespero roçaram teus ombros e os de teus amigos. Serão tantas que desistirás de contar. Então fingirás - aplicadamente, fingirás acreditar que no próximo ano tudo será diferente, que as coisas sempre se renovam. Embora saibas que há perdas realmente irreparáveis e que um braço amputado jamais se reconstituirá sozinho. Achando graça, pensarás com inveja na largatixa, regenerando sua própria cauda cortada. Mas no espelho cru, os teus olhos já não acham graça. Tão longe ficou o tempo, esse, e pensarás, no tempo, naquele, e sentirás uma vontade absurda de tomar atitudes como voltar para a casa de teus avós ou teus pais ou tomar um trem para um lugar desconhecido ou telefonar para um número qualquer (e contar, contar, contar) ou escrever uma carta tão desesperada que alguém se compadeça de ti e corra a te socorrer com chás e bolos, ajeitando as cobertas à tua volta e limpando o suor frio de tua testa.
Caio Fernando Abreu

terça-feira, 4 de julho de 2017

Leãozinho, gosto muito de você

Eu sabia que uma hora você ia embora, esta cidade não é o seu mundo, esse frio todo não te representa. Eu vou sentir saudade, leãozinho, eu já estou sentindo, mas você tem que trilhar o caminho que é seu, seguir seu coração. Obrigada por ter me ensinado que é possível amar de novo, outra pessoa, de um jeito diferente. Obrigada por ter sido a luz que eu tanto precisei, no momento em que eu precisei. Sem você, o caminho não teria sido tão bonito. Segue em paz, leve, tranquilo. Eu tô rezando pras forças do universo te guiarem. Com saudade, e com amor,


Renata



Essas palavras que eu escrevo, me protegem da completa loucura.