Um dia eu me convenci de uma coisa: nada se iguala ou supera o amor da família, amigos nem sempre serão seus amigos até o fim, amores se vão. Algumas vezes abri mão daquilo que fazia meu coração feliz para que todos ao meu redor fossem felizes. Todos os dias, até pouco tempo, eu repensei o que assumia, para que não os decepcionasse. Mal percebia que tudo que eu era feria brutalmente o seio daquela casa, mal percebia que eu me feria ao mesmo tempo. Até que a ferida se tornou maior que meu convencimento de que essa dor valia a família perfeita, e assim, de forma cravejada a vida esculpiu em mim que há amigos que são mais que família, e ha família que nem amigos são. Eu queria tanto não ter o mesmo destino que a família da família, mas acabei aqui, vendo da maneira mais triste e doída que nem todos entendem o significado de lealdade e de amor ágape, nem todos seriam capazes de abrir mão das próprias escolhas para que o outro tivesse um momento de felicidade, nem todos entendem seu esforço e sua fé na vida. Embora tanto fizesse força para estar de acordo, eu só me afastava. Começou com o gosto musical adolescente, com as amizades nem sempre confiáveis, com os amores intensos, com a universidade e a bebedeira juvenil, e continua com as opções de vida, com a pessoa que escolhi amar, com o lugar em que resolvi morar, com o caminho que resolvi trilhar. Nesse momento, notei que o problema não era eu, não eram minhas escolhas, não era o meu caminho. O problema era me manter perto.
Rezinha,
