Convivo com a ansiedade, pelo menos, desde os 13. Mas eu só sei dela há 2 anos. Talvez se eu tivesse essa consciência desde cedo, muita coisa não teria acontecido. Minha gastrite não teria surgido, meu apego quase mortal a remédios e muito menos meus rins fraquinhos. Ainda nova eu passava noites sem dormir, sofria por eventos muito futuros, dormia pra me esconder dos dias que não queria. Depois vieram as crises e o corpo sempre encontrando meios de falar, e eu de esconder. Até que eu sucumbi e voltei. Agora, tanto tempo depois, algumas tentativas de desintoxicação e muita consciência, vejo como é difícil se livrar das velhas sombras. Eu ainda quero meu corpo limpo e minha cabeça tranquila, ainda quero zero hormônios e zero tóxicos, mas é muito mais confortável o sono, a paciência dos remédios, a ausência dos convívios sociais. Seguir com a ansiedade do seu lado é saber que são lutas diárias, pequenas e invisíveis para muitas pessoas, mas que representam o "check" na listinha que da prazer e sentido ao dia. Porém, inegável também que tanto tempo de experiência empírica nos traz algumas vantagens, hoje já sou melhor em reconhecer a crise, em viver a crise e em dar espaço para que ela cumpra sua função. Chega dos descontos instintivos e autodestrutivos e mais de conhecimento interior e paciência consigo mesmo, essa é a maior dádiva e o maior presente que a minha doença me deu.
renata.
