Eu cresci ouvindo que eu não tinha nenhuma amiga além dela, que eu não podia conversar com as meninas, e que passar um tempo na casa de uma colega era dar margem pro Diabo agir. Ouvi do meu pai que eu não podia sair, e pronto. Mas mesmo assim eu fiz tudo o que eu bem quis, escondido. E por isso, antes de entender que eu devia resistir e que ninguém poderia se aproveitar do que eu sou, eu aceitei que falassem coisas que eu não merecia ouvir, aceitei que me negligenciassem, que usassem contra mim meus atos. Só que eu cresci, eu entendi que esconder não ia servir de nada e me aceitei a só me comprometer com alguém que entendessem que eu fui, quem eu sou e tudo o que posso ser. E esse alguém apareceu, numa dessas noites corrompidas da vida. Ele apareceu e tornou tudo mais bonito, mais singelo, mais feliz. Mas então eu descobri que ele não é perfeito, e que ele também acha que pode mandar em tudo que sou. Por quê? Por que eu não tenho o mesmo direito e as mesmas possibilidades? Por que quando ele faz é normal, e quando eu faço é um absurdo e eu devia ter previsto as 2.000 possibilidades e pedido permissão? Por que só eu devo me importar em cumprir as atividades, em deixar tudo lindo e ainda em passar minha agenda pra autorização? Por que se ele faz é normal, e se eu faço é um ato de descuido? Talvez porque por minha natureza eu tenha passado dos cuidados da minha mãe aos dele, talvez porque por essa natureza eu deva ser subordinada, talvez porque é muito absurdo você equiparar situações. Não é mesmo? Mas eu resisto, minhas definições de respeito estão de acordo com todas as minhas atitudes, só falta as pessoas entenderem isso.
ROT.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Manifestos