Renascer,

A parte mais difícil de informar as pessoas sobre a intenção de ter um bebê de maneira humanizada é pensarem que não estaríamos bem assistidas em caso de uma emergência. Mas ao contrário do que a maioria pode pensar, além do suporte médico próximo caso necessário, as enfermeiras e obstetrizes nos preparam desde o início para a possibilidade do parto não acontecer na Casa, seja por uma intercorrência durante a gestação ou parto. Assim, apesar do medo de uma cesárea de emergência e do meu vasto histórico hospitalar (ruim), fizemos os planos B e C e rezamos para que o plano A fosse abençoado; e Deus em sua infinita misericórdia e amor escutou minhas orações. Dia 15/05/2023, depois de duas noites sem dormir com contrações de treinamento, uma bolsa rota as 02h e uma ida ao obstetra às 10h, internamos na Casa por volta das 12h já em fase ativa de TP. Eu estava exausta fisicamente e só pensava que isso poderia atrapalhar o processo, mas desde que chegamos fomos bem cuidados e acolhidos: refeições preparadas com amor, privacidade, respeito; o que possibilitou que eu pudesse descansar e dormir por umas duas horas, para me recuperar (isso aí, TP ativo e Renata dormindo 😂). Foi um processo rápido, as contrações de longe são a parte mais difícil, mas saber que ela estava chegando acalmava meu coração. E ela chegou às 18h32 do dia 15, na água, junto da lua, recebida direto nos braços da mãe e do pai, que cortou o cordão e nos deu amor e carinho durante toda a caminhada. Diana chegou ao mundo no tempo dela, com respeito, com amor, e eu só pude recebe-la bem pois tive o apoio do @luaanrufino e da Casa. Lá meus limites foram respeitados, minha voz foi ouvida, minhas dores foram acolhidas, e o nascimento da minha filha foi um evento esperado e apreciado por todos. Quanta gratidão eu tenho, a Deus, à Nossa Senhora que intercedeu, ao meu parceiro de vida e às meninas da Casa que cuidam da gente até agora, com todo amor e carinho. Meu sonho foi realizado e meu maior sonho está comigo, e bem ♥️

ROR

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Foram 9 meses difíceis. Nem de longe esse processo foi fácil, os enjoos, o medo de algo estar errado em cada exame, as dores no corpo, os hormônios, o espaço ficando cada vez menor. Mas desde o primeiro dia eu rezei para que você fosse cuidada e que Deus nos ajudasse a chegar ao final. Fiz o melhor que pude e que estava ao meu alcance. Entreguei o meu melhor para que pudéssemos nos encontrar no tempo certo e da maneira como Deus planejasse. Isso implicou em abrir mão do controle que eu tinha da vida, da agenda, dos meus planos. Aliás, você não estava nele, não agora, não naquele momento. Você não estava, mas você se fez presente. Uma menina decidida desde o ventre. Um presente que ilumina o caminho a nossa frente. Você mudou tudo por aqui: o sono, os horários, os treinos, a rotina. Você trouxe outras perspectivas, prioridades, assuntos. Você nos fez pai e mãe. Eu demorei muito pra colocar aqui o que senti, porque o que eu sentia até o dia 15 de maio era medo. Medo de não te conhecer, medo de você não estar bem, medo de não conseguirmos, medo de algo errado e ruim acontecer. Um medo profundo e doloroso, solitário, cheio de dor porque só quem viveu a maternidade entende a ansiedade do coração de uma mãe. Mas você chegou me provando que podemos muito juntas, e tornou parte desse medo, confiança. Deus confirmou mais uma vez que o amor é aquilo que ele faz e em tão pouco tempo já fizemos tanto. Eu ainda sinto medo, mas por você eu enfrento o mundo.

ROR

15.05.24

 Eu nunca mais vou viver isso, o dia em que te conheci. Eu estava cansada, há três dias sem dormir. O medo da exaustão interferir na sua chegada me consumia, mas eu confiei em Deus e entreguei nosso processo. Seu pai estava ali, pudemos descansar e ser acolhidos com carinho e cuidado. A cada dor eu só pensava que estava mais perto de você chegar, cada suor, cada momento, eu só entregava que estava mais perto de nos conhecermos. Foram seis horas de intensa atividade e entrega, não. Foram nove meses de intensa entrega. Ainda bem que eu pude me cuidar, que eu pude me preparar, que pudemos cuidar de cada detalhe para que você chegasse em um ambiente saudável e feliz. Estava tudo pronto, só faltava você. E você chegou. Chegou quando quis, da maneira que quis, e nós pudemos te receber com respeito e amor. Eu nunca mais vou viver esse dia, mas eu lembrarei para toda a eternidade que você veio direto para os meus braços, que seu pai viu a perfeição que fizemos, e que sem chorar você nos abraçou. Você tinha o melhor cheiro do mundo, o cheiro do nosso amor concretizado em uma nova alma. Eu te abracei e você me abraçou de volta, me acolheu com todas as dores, todos os defeitos, e trouxe o alívio que meu corpo e meu coração precisavam. Você me trouxe a paz de entender que os processos, as dores, as escolhas e a culpa sempre existirão, mas a felicidade de estarmos juntos supera cada momento. Você me fez rever opiniões, transformar atitudes e seguir confiante de que juntos seremos melhores e felizes. Você me fez melhor, minha pequena. Obrigada por me escolher.

Renata Oliveira, sua mãe.