- E eu senti que te veria hoje, não sei como, mas de alguma forma sabia que cruzarias meu caminho, a hora e o lugar não pressentia, mas era inevitável não sentir sua presença. Sabes bem que te amei muito, mais que a tudo; sabes também que ao tempo que te desprezo profundamente pelo que passou, ainda te amo. De maneira triste e longíqua, mas amo. Um ano se passou e já não me irrito com a melosidade de certos casais, não nos enxergo mais neles. Agora seria a hora de assumirmos tudo que vivemos e melhor, de vivermos ainda mais. Você me marcou gordo, deixastes cicatrizes profundas e vizíveis. A cada copo de vodka barata que por acaso eu beber, brindarei teu nome. É culpa tua. Ah sim, depois de condenar-te eu me afundei também. Não resisti, ou melhor, resisti até o ponto que os pontos estouraram. Ainda tenho recordações da minha decadência em tua memória, meu rim nunca mais foi o mesmo. Nossos olhares as vezes entretrocados doem, por isso evito teus olhos. Ando evitando. Corto tudo que me causa 0,0001% de agonia. Não sei porque estou escrevendo isto, nem me pergunte se leres. A questão é que junho está chegando e é o mês em que sua lembrança mais pulsa, fervendo o sangue.
Renata Oliveira