➸ Mulher Vermelha ♥

Cada vez que escrevo um bom poema é mais uma moleta que me faz seguir em frente.

quinta-feira, 25 de outubro de 2018

“Viver é foda, morrer é difícil 🎶”

“Graças a Deus nunca fiz o que quis. Assim sei suportar o desgosto das fases difíceis e cuidar do que gosto.”


Essa frase está no último livro do Carpi, dedicado a seus pais. Não sei se eu deveria ser feliz de me encaixar nela, mas sei que sou. Eu nunca pude ser triste, minha mãe me proibiu. Eu tinha uma casa, pais sóbrios e trabalhadores honestos, irmãos e comida na mesa. Eu não tinha motivo pra tristeza. As dificuldades da infância? Os abusos? Os traumas recebidos e as palavras que - muitas - vezes doeram tanto, ficaram aqui dentro, guardadas no cantinho que chorava no chuveiro e escrevia esse blog, antes papel. Eu guardei muita coisa pra poupar minha mãe dos meus problemas tão ínfimos. Mas também pra me poupar de mais agressões dentro do seio que devia ser só amor. Eu guardei a ausência do meu pai presente. Guardei as ofensas talvez ditas em momentos de raiva, mas que eu não esqueci. Guardei e reproduzi. Me tornei igual, pior quem sabe. Mas fiz disso tudo adubo pro amor e admiração que não cabe em meu peito. É uma linha muito tênue, mas ainda assim, tenho orgulho de ter conseguido resolver meus problemas sozinha, de passar pra eles só o que era necessário e inevitável. Eu aprendi a lidar com os desgostos da vida, com as dificuldades, com a dor de ter que acordar e de preferir o torpor noturno e o efeito do álcool. Eu aprendi a lidar com isso, porque é melhor eu com minha nostalgia velada, do que eles decepcionados com toda minha insatisfação. Como minha mãe sempre disse, você não tem motivo pra sofrer, ingratidão da sua parte chorar quando deveria ser só sorriso. Ao meu ver isso é cuidar do coração deles para que não sofram pelo que só diz respeito ao meu desagrado. Na deles, eu despejo minhas frustrações internas. Eu já não sei, aprendi a guardar tudo aqui dentro e poupar os outros do que não precisavam vivenciar. Eu aprendi a omitir, a esconder e a sorrir quando minha maior vontade era permanecer trancada em um quarto vazio. Eu sobrevivi e construi laços. Tentando ao máximo cuidar destes laços, ainda que seja difícil me livrar dos velhos hábitos. Que Deus me ajude a cuidar e a lidar com todas estas emoções, que um dia meus filhos sejam felizes pelo companheirismo que pude oferecer e pela paz que o lar representava. Que a geração evolua.

Rof.

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Essas palavras que eu escrevo, me protegem da completa loucura.