➸ Mulher Vermelha ♥

Cada vez que escrevo um bom poema é mais uma moleta que me faz seguir em frente.

domingo, 1 de agosto de 2010

Os sábios dizem que não se deve lamentar o passado, mas desafio esta sabedoria ..

Faço hoje uma coisa que deixei de fazer por tantos anos, e me pergunto por quê sem encontrar resposta: escrevo para você. A verdade é que não tenho encontrado resposta para muita coisa nesta caminhada sobre a Terra, e este é mais um caso.

E dói, como dói. Lembro-me de alguns textos que escrevi em laudas, e sinto uma vontade ridícula, patética de voltar para aqueles dias em que ríamos tanto, sonhávamos tanto e nos amávamos tanto.

Gostaria que você me desse uma cópia daqueles textos: eles serão para mim uma conexão eterna com um tempo cuja lembrança haverá sempre de aquecer e iluminar meus dias de frio e escuridão.

Até o fim.

Gostaria de voltar. Estalar os dedos e voltar àqueles dias, não para reviver a alegria vigorosa e irresponsável de então. Mas para fazer todas as coisas que deveria ter feito e que não fiz. Falar tudo que deveria ter dito e silenciei.

E dançar com você. Quantas oportunidades perdidas, e hoje eu daria tudo para dançar com você e já não posso.

Vi velhas fotos de madrugada e pela manhã. Fico aqui pensando que esta é uma das coisas mais duras de dividir. Muito mais que dinheiro. As fotos. Dou graças a um Deus que nem sei se existe por elas existirem. As imagens. Aqueles imagens.

Uma vida ali, tantos anos, e tudo tão rápido, e tão rápido, e tão rápido. Deus, Deus, eu detesto a fragilidade de tudo, a impermanência. Tão rápido tudo se fez e se desfez.

Do baile, daquele baile, não há foto, mas não é necessário. Lembro tão bem. Estava escrito que você tinha sido feita para mim. Para sempre.

Os sábios dizem que não se deve lamentar o passado.

Pois eu desafio a sabedoria e lamento tantas coisas.

Lamento não ter correspondido às suas expectativas. Lamento não ter feito as coisas necessárias para que você visse no casamento algo único, lindo, exatamente como você sonhava, duas pessoas tão unidas numa só que não se pode ver a costura entre elas. Lamento não ter deixado claro quanto o amo, quanto o amei, quanto o amarei. Lamento não ter dito e mostrado que você é a figura central da minha vida. Lamento não ter dito e mostrado a você que eu morro sem você. Não acredito no que você acredita. Que estamos aqui por alguma razão. Que voltaremos depois da morte por alguma razão. Mas como eu gostaria de acreditar, como eu gostaria. E então eu vejo a nós dois outra vez. Nós nos encontraríamos mesmo diante da maior multidão do mundo. Meus olhos. Meus olhos haveriam de achá-lo. Você. Eu. Nós dois. Feitos um para o outro. Para realizar o que poderia ter sido e que não foi. Uma outra vida. Nós dois. Sempre, sempre, sempre.. Créditos: Fábio Hernandez

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Essas palavras que eu escrevo, me protegem da completa loucura.