Um amor passado

Acordar era divino, a espera por ti era melhor ainda; nas manhãs os poucos minutos que nos foram dado, foram suficientes para os melhores momentos. Um amor passado. Os sorrisos e beijos eram nossas marcas, a nossa identidade. Nossas tristezas, nossas raivas mútuas, eram também sempre visivéis, mas sempre acabaram bem, sempre nos amamos. Sempre gostei de você, sincera e verdadeiramente, desde a primeira vez que nossas bocas se encontraram; mas por motivos que não me agradam não deu certo. Você ocupou meu pensamento tantas noites, eu ocupei o seu, tantas outras. Nossas manias, nossos carmas. Nossas tardes juntos também foram/são inesquecíveis, nós dois sabíamos como nos agradar, nós nos amávamos. As tortas, os brigadeiros, os miojos, as cocas, as trakinas, todos, nossas marcas, nossos momentos que não serão vividos por mais ninguém, ninguém jamais saberá o significado de tudo isso. Um amor passado, meu amor adolescente. Fizemos dos nossos dias juntos, dias felizes, dias de uma alegria que só mesmo dois adolescentes poderiam ter. Eu e você. São tantas as músicas, frases, poemas, fotos, datas, que compuseram nossos dias, que são ainda a nossa história e essência. E as laudas infindas ? Ah, elas expressavam tudo por si só, a ferocidade do desejo, a agonia da saudade, a insanidade do amor, a loucura um pelo outro, o amor, a raiva, a tristeza; elas diziam sozinhas quem nós éramos. A força daquele amor era incomensurável, era. E nós ? Nosso desejo de nós mesmos estava estampado em nossas caras. Fundíamo-nos. Fomos nosso próprio alicerce, a força um do outro. Eu já havia experimentado o amor antes, mas não havia tido a chance de vivê-lo intensamente. Não ligamos pra nada, viviámos nossa vida, nosso amor, que era dos dois, que eram só um. Os dias passaram tão rápido e nosso amor nem teve tempo para amadurecer, mas ele já estava tão gostoso, para que a preocupação ? Hoje é visível o por que da preocupação, devíamos ter nos cuidado, mais. Hoje dói acordar e não ter notícias tuas, dói passar as tardes colada com livros, dói dormir na incerteza do amanhã. Mas vivemos bem, não me arrependo de nada, de nenhum ato nosso, eles foram a nossa formação, eles foram a resposta a tudo que sentiamos. Nós nos amamos, hoje não há mais nada além da lembrança, boas lembranças. Não soubemos acabar, deixamos passar a hora, porque agora além das boas lembranças, temos as ruins, as que agustiam, mas que ainda são uma grande prova do amor enlouquecido que sentimos um pelo outro. Minha vida, meu amor, eu lhe amo. Mas agora chegou a hora de um amor maduro, um amor pra vida toda. Renata Oliveira