Admito, já não lembro mais o timbre da tua voz.
Admito também, todas as noites eu sinto teu abraço transpassando minha cintura, me apertando em teu peito.
A dor de não lembrar o timbre da sua voz é pouca perto da dor de sentir-te. De ver-te. De amar-te de maneira incomensurável.
É terrível ter tal sentimento vivendo em mim, é terrível perder o sono e a consciência. É triste, acima de tudo, triste.
Hoje me lembraram muito você, não sei por que. Será que as pessoas não compreendem ?
Não compreendem a dor que existe por trás de cada sorriso ? De cada piada ?
Será que já não é suficiente me ver padecer de tal modo, e ainda querer lembrar-me ele ?
Ah, sinceramente a minha vida cabe à mim. A vida dele à ele.
Não gosto de lembrar de tudo, por causa disto.
Por que me passa a parte boa, guardada na memória... só que depois da parte boa, vem a parte que eu até hoje não tolero.
Não tolero e sei que posso tentar quantas vezes for, vou continuar com minha opinião.
Ao menos que os sinais de mudança sejam óbvios.
Não sou hipócrita, preciso também de uma mudança, mas não hei de começa-la por nada.
Sabe o meu erro ?
Ser verdadeira e sincera com todos.
Quando eu amo, eu me dôo. Quando não gosto, nem chego perto.
Mas que acontece em meio disso ?
As pessoas nem sempre são verdadeiras, nem sempre se dedicam sinceramente, nem sempre se doam.
E a vida é injusta, já me acostumei, sempre faz sofrer e padecer o lado bom, sincero e verdadeiro.
De que adianta tamanho amor, se a hipocrisia que o rodeia é superior, é real ?
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